quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

peraltisse \o/


Ser criança! Ahhh, quem nunca foi. Quem nunca teve um bico do dedão arrancado por uma calçada qualquer, um joelho ralado no asfalto, um nariz sangrando por que caiu do seu mundo da imaginação direto para o chão? Impossível existir se não viver nenhuma destas experiências (e mesmo que me digam que não aconteceu com vocês, eu tenho o direito de não acreditar! =P).


Tem coisas que me lembro claramente de como aconteceram, outras me lembro vagamente. Uma hora que gostava muito, era a hora de brincar depois da aula. Na verdade era entre o fim da aula e a chegada do ônibus anunciadas por diversas vozes gritando loucamente “olha o ônibus”, “o ônibus, o ônibus” e todos correndo na direção da fila de mochilas montadas no pontdeombus. Neste período aprendia coisas que a escola não ensina :D


Me lembro do dia que aprendi a fazer bolinha de chicletes. Não era muito nova, mas nunca fui anciã nas descobertas da vida. Sempre mascavas chicletes, escondido da minha mãe por que ela não gostava de me ver comendo besteiras e não deixava que eu levasse para escola por que ela é professora. E vocês sabem como são as professoras!


Neste dia, fiquei toda minha meia hora mascando e fazendo bolinhas, a mando de alguém, certamente, mas não me lembro quem seguindo daí direto para uma competição de bolinhas de chicle. Quando entrei no ônibus, continuei a mascar e fazer bolinhas loucamente. A minha frente estava uma guria que fazia ensino médio no “colégio das irmãs”, como essas gurias eram respeitadas por nós, doces crionças. Primeiro, por que elas eram nossos padrões de beleza e comportamento. Era como queríamos ser quando crescer (criança sempre quer ser como alguém quando crescer). Elas tinham corpo estrutural e vestiam-se muito bem mesmo uniformizadas (elas podiam usar calças jeans, enquanto nós tínhamos que usar aqueles shorts de malha azul marinho escrito em branco extremamente largo pelo corpo esquelético e desengonçado). O fato é que a menina sentada a minha frente, cantava uma bela canção, enquanto eu, fazia bolinha, estourava e fazia bolinha. Numa destas bolinhas estouradas e eu recomeçando meu ciclo, eu, cordenada com meus sentidos como sempre fui (mentiraaa!), lancei meu chiclete para fora da minha boca alcançando o cabelo liso e preto brilhante da minha heroína. O desespero foi plantado em mim, o que fazer? Falar ou não falar? Mas o que eu poderia fazer? Tentar explicar toda a história da minha vida e desculpar-me? Tentar tirar o negócinho rosa de lá sem ela perceber? Visualizei o troço tutti frutti em meio aos fios, impossível tira-lo de lá sem ela perceber.


E foi ai que tive minha primeira atitude deixa como que tá pra ver como que fica. Sábia decisão. Simplesmente, ignorei a existência de um novo apetrecho no cabelo da minha provável mais nova inimiga e continuei a respirar meu oxigênio em paz, pedindo aos céus pra que ninguém tivesse visto o incidente e me dedurasse.


Se você querida velha inimiga estiver lendo este post, minhas sinceras desculpas e meu pedido de reconciliação.