quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Efeito platô

Muito tempo que não escrevo nada, mas também não tenho tantos leitores assim para que possam fazer uma parada em frente a minha casa pedindo "Bis".
Bom, como sempre, antes de aparecer por aqui eu passei pelos blogs que mais gosto: Olá pra você! e Alone Without Myself e comecei a entender algumas coisas que se passam comigo.
Como todos sabem, a sequência de "eu vou voltar pra casa" se iniciou com Júnior que fez sua escolha em agosto do ano passado e voltou para os laços fraternos. Ele foi seguido pela prima no fim do ano e logo depois por mim, no mês de março.
Nos três fizemos escolhas afetivas, que talvez não tenha deixado os outros "eu's" (por exemplo, o profissional) tão satisfeitos. Seis meses depois, eu me encontro sentindo o efeito de platô na minha vida. Para quem não sabe, ele é exatamente do que a prima reclamou: a rotina.
Me faço questionamentos se o meu incomodo é realmente o fato desta estabilidade, da falta de emoção, de adrenalina correndo no sangue ou simplesmente o fato de nós seres humanos nunca estarmos satisfeitos com nada do que temos? De certa forma, a insatisfação nos faz querer sempre mais, desperta o desejo de ir além das possibilidades, então é possível enxergar nela uma função benéfica.
Olhando para trás e comparando minha vida hoje, consigo perceber a vida de adulto que tenho e será que realmente gostaria de evoluir desta maneira? Será que gostaria mesmo de abandonar aquela criança besta que sempre existiu dentro de mim?
Estes questionamentos são saudáveis, e quando eles não existirem mais, eu também não existirei. Quando as dúvidas terminarem é por que eu parei de viver.
Fazem seis meses que não viajo pra lugar algum, seis meses que não fico sozinha em casa, seis meses que não passo o dia todo vendo seriados no note por que estou estressada, seis meses que não encho a cara e chego de madrugada e tenho que dormir sentada por estar tão bebada, seis meses que não tenho crises existenciais por estar longe da família. Mas também fazem seis meses que não lavo roupa, seis meses que como comida de mamãe pelo menos uma vez por semana, seis meses que vivo numa rotina de ir para faculdade durante a semana e estudar sempre e fazem menos de seis meses que estou num relacionamento.
Bem, é uma pena que não temos uma balança para pesar coisas da vida, por que eu como pessoa fria e calculista que sou, gostaria de saber se tal mudança foi melhor ou pior.
O que estou querendo levantar aqui, caros leitores, é que nós nunca poderemos fazer qualquer escolha na vida para favorecer uma coisa que achamos que não está tão boa sem prejudicar algo que gostamos da maneira como está.
E agora, se tentarmos novamente, outras coisas virão, e teremos novamente coisas agradáveis e coisas desagradáveis.
Na realidade, eu não preciso ser essa metamorfose ambulante, mas nunca deixarei de vivê-la.
Por hoje, é isso.